Toque-se, toque-se muito

Palpe-se, palpe-se muito
EroticFeel 19/10/2019

A cirurgiã oncológica Kristi Funk afirma no seu novo livro ‘Mama - Manual de Instruções’ que para ter uns seios saudáveis é preciso fazer palpações da mama em casa. O principal é compreender a doença, e desmistificar os medos e prejuízos que nos causam ansiedade. O cancro, nomeadamente o de mama, muito estigmatizado há décadas, há muito que deixou de ser sinónimo de morte. Embora pode afectar tanto a homens como a mulheres, é muito mais frequente nas mulheres. Tanto que uma em cada oito sofrerá cancro da mama ao longo da sua vida. Certo, é assustador, também não precisamos de nos armar em corajosas. Nem é uma luta, nem se ganha ou se perde. Não há razão para estar sempre animada, é lógico passar por diferentes estados emocionais e ninguém a pode culpar por isso, nem você própria. No entanto, os dados são excepcionais. Graças à investigação científica, a melhora dos tratamentos e a detecção precoce, a taxa de sobrevivência ao cancro da mama após os primeiros cinco anos de diagnóstico é de cerca de 90%, segundo os dados da OCDE, e as possibilidades de cura em fase inicial são de quase 100%. Este é um grande motivo para ficar atentas, não é?

As mamografias reduziram em 35% a taxa de mortalidade do cancro da mama desde a sua implementação, sendo este um dado que não se pode quantificar no caso do autoexame. A palpação mamária não é um método infalível, mas em nenhum caso é inútil. É preciso esclarecer que ambas as práticas não são mutuamente exclusivas. Se na palpação não encontrar nada, isso não quer dizer que não exista. Se tem entre 45 e 50 anos, a mamografia é um autêntico salva-vidas. Mas é desnecessário dizer que são muitas as mulheres que acudiram ao seu médico após encontrar um caroço na mama ou verificar alguma alteração na sua aparência. Repetimos, palpe as mamas, é de vital importância (literalmente) que se familiarize com elas.

Como examinar o peito para detectar o cancro da mama?

O ideal é fazê-lo no mínimo uma vez por mês, sendo a melhor altura a semana a seguir à menstruação. No caso das mulheres que já não são menstruadas, escolha um dia, por exemplo o primeiro e o último de cada mês, e faça sempre no mesmo dia. Embora a doença tem menor incidência em homens, eles podem-se examinar exactamente da mesma maneira. Primeiro é preciso observar. Coloque-se em frente de um espelho nua da cintura para cima e com os braços caídos. Tenha atenção às mudanças; por isso, é fundamental que conheça perfeitamente o seu peito. Procure alterações na pele, depressões, vermelhidão, covas, rugas, protuberâncias, textura de casca-de-laranja. Agora levante os braços por cima da cabeça e observe novamente: Verifica alguma mudança na forma e no tamanho? Qualquer coisa pode ser significativa. Um mamilo retraído ou escondido também é motivo de consulta imediata.

Depois de observar é o momento de tocar. Deitada ou em pé, na posição que lhe resultar mais confortável, palpe com a ponta dos três dedos centrais da mão contralateral toda a mama, a parte superior, a inferior, os laterais, o mamilo e a aréola. Pode tocá-lo de cima para baixo, de esquerda para direita ou em círculos. O essencial é que decore o tecido do seu peito para que identifique qualquer nódulo ou espessamento. Agora, esticando o braço por cima da cabeça, palpe com a mão oposta a mama desde a axila para o centro fazendo pequenos círculos. Repita o mesmo processo com a outra mama. Observe com atenção as aréolas e os mamilos, aperte-os suavemente e verifique se há corrimento.

Importante, não se assuste se encontrar algum nódulo. Acudir ao médico nunca é demais, mas deve saber que as mamas têm um tecido nodular e pode ter a sensação de palpar pequenos caroços. Por isso é tão importante que conheça as suas mamas.

Mitos e falsidades sobre o cancro da mama e as suas causas

Não queremos desaproveitar a ocasião para lembrar que nem tudo o que se pode ler na Internet é verdade, longe disso. Aliás, se procurar no Google “por que estou tão cansado?” o mais normal é que encontre sem rodeios que está à beira da morte. A net está cheia de patranhas, nem o limão cura o cancro nem o café o produz. Em caso de dúvida, a resposta sempre, sempre, está no médico. Só para desmentir alguns dos mais espalhados: os sutiãs com aro não causam cancro, como também não o fazem o desodorizante, a soja, os adoçantes artificiais ou a cafeina. Outro dos boatos mais perigosos é aquele que afirma que as mamografias produzem cancro da tiróide (não, de forma nenhuma). A alimentação, infelizmente, não cura o cancro, e também não as terapias pseudocientíficas, não há magia.

Conheça o seu corpo, examine-o, mime-o. Caso tiver dúvidas, acuda ao médico. Não está só.

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